terça-feira, 27 de abril de 2010

Resenha e Analise do Livro “Crime e Castigo”

O livro “Crime e Castigo”, uma das maiores obras do escritor russo Fiódor Dostoiévski, publicado em 1866, dividido em seis partes, faz uma reflexão sobre os conflitos criados em um jovem estudante após cometer um crime, o assassinato de uma velha usurária, para conseguir dinheiro, Rodion Românovitch Raskólnikov, o jovem estudante da Rússia do século XIX, de origem pobre, mas entorpecido de uma avassaladora ambição, que após cometer um crime se vê perseguido por sua incapacidade de continuar a vida após o delito. O livro se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco predominante no tema de atingir salvação por sofrimento, sem deixar de comentar algumas questões do socialismo. Concordo em gênero, número e grau, percebi claramente que o livro trata do castigo que Raskólnikiv sofre com o crime que cometeu, sendo que, não é nenhum castigo físico e sim psicológico, que o atormenta durante a história. Esse livro é considerado como um dos pilares para os estudos da psicanálise, em conjunto com outras obras do mesmo autor.
Raskólnikiv ao tentar trocar um relógio com uma velha que sobrevivia de trambiques, usando as pessoas em dificuldades financeiras, tem a idéia de matá-la e roubar seu dinheiro, mantido guardado em uma lata debaixo da cama. Após um período de planejamento e preparação, ele põe seu plano em prática, mata a velha e antes de fugir da cena do crime, porém, Raskólnikov também comete, a contragosto, levado apenas pela situação de surpresa, o assassinato de Lisavieta, irmã da velha agiota, pois ela havia visto o cadáver recém-assassinado no chão. Este personagem principal rouba algumas jóias, mas não chega a usufruir deste ganho, e sentindo-se arrependido enterra-as sob uma pedra.
Após tal fato e seus desfechos, o romance relata de maneira detalhista os dramas psicológicos sofridos pelo autor do homicídio, com debates internos sobre racionalizações e tentativas de justificar para si mesmo que aquilo foi uma coisa normal, mostra toda a sua saga, sofrimento, que transparecia remorso, culpa e arrependimento.
Diversas histórias se desenvolvem de maneira paralela à principal, entre elas um romance da irmã do personagem Raskólnikov e as relações do personagem com Sônia.
Apesar de investigar Raskólnikov, a polícia termina por prender um inocente que se intitulou culpado por uma razão pessoal (bem explicado no livro). Entretanto, Raskolnikov é desmascarado pelo personagem mais inteligente do romance, o penetrante e arguto juiz de instrução que, para a humilhação do frustrado super-homem Raskolnikov, e diante disso ele confessa o crime que cometera. A confissão deveu-se, principalmente, à enorme influência de Sônia, que, antes disso, compartilha com Raskólnikov algumas leituras do Novo Testamento.
Por fim, Raskólnikov é preso, o romance termina com a sua chegada aos campos de prisioneiros da Sibéria onde iria cumprir a pena sentenciada pela sociedade e acalmaria sua consciência, que não lhe dava nem mais um minuto de paz. Porém, devido à sua confissão, arrependimento e ótimos antecedentes, sua pena acaba por ser reduzida há oito anos na cadeia. Durante tal período, Sônia, personagem que a partir de certo momento segue Raskólnikov em todas as situações, manteve-se muito presente, servindo até mesmo de mensageira a sua família em São Petersburgo.
Outro ponto que percebi claramente é a idéia de Raskólnikov de que existem homens extraordinários, a quem as leis não podem ser aplicadas, porque a perda de uma vida pode ser compensada com a ajuda de diversas vidas. O personagem principal do enredo citava várias vezes o caso de Napoleão, que derramou muito sangue, mas mesmo assim, ele aplicou seus ideais e ficou conhecido como um homem destemido. Achei a leitura um pouco pesada em certos pontos, isso se traduz no número de páginas do livro. Mas a história é rica e tem um enredo que me prendeu do início ao fim do livro. Gostei da obra e recomendo a leitura, porém, já vou adiantando, reserve um bom tempo pra ler o livro, não é de fácil compreensão aparentemente.
“Crime e Castigo” é indubitavelmente uma das principais obras primas da Literatura Universal, unanimemente reconhecido em todas as culturas ocidentais, visto como o melhor um dos melhores romances de todos os tempos, bem acolhido nas mais diversas línguas e culturas, fascinando a leitores das mais diversas subjeções ideológicas, de ateus a cristãos fervorosos, de comunistas a liberais radicais.
Sem dúvida, trata-se de uma história única capaz de produzir sentimentos diversos e intensos para quem a lê. E se você ainda não está convencido sobre a importância deste livro basta dizer que Crime e Castigo é considerado por muitos, e importantes críticos literatos, como o grande romance de todos os tempos. Então, quem ainda não leu que corra, porque há um universo de inusitadas emoções a serem deflagradas tanto no livro como em si mesmo, dissecações de personalidades e descobertas a cada virada de página que sem dúvida irão fazer valer as palavras aqui escritas.

sábado, 24 de abril de 2010

Manipulação Ideológica na Mídia

Este texto explana sobre os aspectos subjetivos e objetivos da mídia, toma como base a programação televisiva da TV aberta, retrata alguns problemas existentes, e mostra algumas objeções benéficas nessa relação de mídia e sociedade.
A TV aberta vem investindo pesado no olhar subjetivo do telespectador. Para garantir uma grande audiência ou a sua sobrevivência esse tipo de TV não demanda um telespectador que vive guiado pelo efeito zapping, pois é preciso que ele entregue totalmente o seu olhar a telinha, como que tivesse hipnotizado, onde o tempo parece não passar.
Na falta de algo melhor para se ver, simplesmente pode-se deixar o aparelho ligado de um programa para outro. A televisão nos relaxa faz a gente entrar em tantos lugares do mundo, nos oferece uma fantasia pronta, mágica, fantástica, como um sonho bom.
Parece ser muito simplista aquela posição que coloca a culpa de tamanha audiência de certos programas televisivos (também de certas igrejas), na baixa educação do povo. É preciso analisar a eticidade do espírito capitalista selvagem que comanda a mídia nacional como também entender por que faz sucesso no ser humano: sexo, violência e bisbilhotagem da vida alheia. Há ainda que convocar os intelectuais que sempre procuraram manter distância da TV, a ir para além de analisar a fundo esse potente veículo da indústria cultural. Nos anos 1970, época mais pesada da ditadura militar, as pessoas de esquerda proibiam seus filhos de assistirem televisão, porque quem dominava era a Globo e os enlatados norte-americanos. Os intelectuais de hoje já admitem assistirem TV e principalmente, tendem a assistir TV por assinatura, se bem que há ainda alguns que enchem a boca e dizem que não assistem TV, confundindo assim o veículo com a programação, ou seja, uma "coisa" ruim, do mal ou diabólica.
O conhecimento científico e filosófico deve ser socializado e, alguém precisa fazer esse papel, não tomar a iniciativa de ser cúmplice do elitismo acadêmico ou intelectual. Um psicanalista disse que a psicanálise era um saber muito fino para ser oferecido ao povo. Ou seja, basta substituir psicanálise por outro saber nesse pensamento ativo e teremos, por um lado, um plus de elitização psicanalítica de consultórios e instituições e, por outro, pessoas carentes não só de comida, mas também de auto-conhecimento.
Da mesma forma, intelectuais tomados pelo vírus acadêmico, se negaram em criar alternativas, inventar programas mais inteligentes para TV e coisas assim. Nesse vazio psicopedagógico é que surgiram as Xuxas, as Elianas e etc. Conduzindo mais que programas infantis, a própria educação delas. Há ainda um verdadeiro ódio ou ressentimento, principalmente da esquerda, quanto à televisão, que é, sobretudo um veículo que sabe se comunicar com a massa. Não podemos nos esquecer que milhares de brasileiros alfabetizados tiveram conhecimento de alguma obra da literatura nacional e mundial, vendo esse na telinha. Claro, são linguagens diferentes, a escrita parece ser mais rica do que a imagem, mas ainda assim é melhor que nada. É melhor conhecer alguma obra via imagem de Jorge Amado, de Érico Veríssimo, ou de Dostoievski, do que ser ignorante delas totalmente.
Se até a loucura porta um sentido, por que não desvelá-los nos programas banais da televisão?
O Big Brother Brasil (BBB) e Casa dos Artistas podem ser lidos para além do ato compulsivo crítico, ou seja, podemos extrair deles algumas lições de Psicologia Social: de como as pessoas tem dificuldade de conviverem juntas, de como é difícil a comunicação entre pessoas, o estresse da convivência diária que lembra qualquer convivência familiar ou entre colegas de trabalho, a invenção de códigos para preservar um mínimo de privacidade entre os membros, a formação de sub-grupos ou "panelinhas" de sobrevivência social, as diferenças de se conduzir como líder etc. Ou seja, pode ser um realismo ficcionado, possivelmente pré-combinado como se fosse uma peça de teatro, mas sem dúvida, além de despertar o prazer-gozo de olhar pessoas, cenas e cenários, podemos ter um olhar treinado para discernir, interpretar, deduzir, identificar estas com outras mais reais. Em outras palavras, algo tomado como sem sentido ou o banal, às vezes é assim visto por alguém não treinado ou com má vontade de elaborar uma interpretação pertinente.
Pode-se interpretar que, há uma tendência dos atuais programas de TV aberta de invasão e evasão do que é privado. Tanto a invasão como a evasão da privacidade é um bom negócio, no primeiro caso para os donos e empregados da programação, e segundo, no caso da "evasão", para quem deseja participar dela oferecendo o que tem como valor de troca. No caso do reality shows, as pessoas se ofereceram participar mais como meio de ascensão social, de obter no futuro próximo fama, prestígio na mídia, ficar famoso, etc. que pelo prêmio final.
É preciso saber jogar muito bem o jogo da sobrevivência dentro do contexto complexo que se torna na casa. Cada um está de olho no outro, seu rival, de olho no grupo que deve se manter unido, mas até o limite dos interesses individuais e se autocontrolar ao máximo, resistindo às provocações e tensões imperativas da convivência artificial. O participante que se sair melhor em virtudes ou em moral é elevado pela mídia como se fosse um herdeiro da moral de Kant, mas se passar de um certo limite moralmente inaceitável, como acontece com alguns participantes, o grupo e o público tendem a excomungar a pessoa da casa.
Suspeito que há alguma coisa de comum na grande audiência por esses programas e no grande número de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus ou outra religião que sabe fazer show da fé de faz de conta. Dizer que a alta audiência se explica pela baixa educação da população é fazer opinião. A opinião não é episteme, ou seja, não é conhecimento mais elaborado ou racional; a opinião apenas revela a posição ainda não firme do sujeito. A opinião não deve ser jogada fora, mas podemos tomá-la como ponto de partida para a elaboração de um raciocínio aproximado do científico.
Existe algo mais que precisamos estudar nesse tipo de programa televisivo, a chamada "TV lixo", e que até o momento tem escapado das poucas teorias e dos debates, ambos paradigmáticos. Também não podemos deixar de reconhecer aí um amplo e variado leque de manifestações emocionais e afetivas, que parece manter relação com os nossos instintos mais primitivos. Alguém disse que no fundo, quando se trata de nos relacionarmos socialmente, ainda somos muito privados, ou seja, se alguém invade o nosso espaço psicológico, reagimos como bicho, literalmente, já que a política cada vez mais nos decepciona, talvez seja por isso que a religião é buscada como tábua de salvação para a nossa solidão, nossos maiores desesperos e desencantos com a vida que levamos.
Não foi sem sentido que Freud reconhecia que o negativo das neuroses era a perversão. O ser humano - alguns mais que outros - gozam em ver outros através do buraco da fechadura, que a psicopatologia chama de voyeurismo. A onda despudorada dos programas lixos ou baixaria e as caras produções dos reality shows, nos mostra a impressão que há uma autorização radical para que nossa perversão latente se manifeste, sem o medo de pecado ou de culpa. Não foi sem motivo que a logomarca de Casa dos Artistas é um buraco de fechadura e do Big Brother, da Globo, é uma lente que esconde um olho.
É como se divulgasse a todos: tranquem sua moral e soltem sua perversão, sem limites e nada vai acontecer de punição. Embora a TV divulgue estar mostrando toda a privacidade de pessoas que querem aparecer, e desde já, deveríamos nos precaver de um futuro não muito longe onde não teremos mais nada para ver. Um futuro próximo cuja dimensão sadia de apreciar as coisas do mundo morreu, porque teríamos perdido o bom senso no limite do olhar. Se hoje, esse tipo de programa "gratifica" personalidades perversas tornado-as compulsivas 24 horas presas na telinha, como serão esses e outros no futuro? O olhar viraria uma patologia?
O mesmo acontece com as mulheres expostas principalmente na televisão. A sexualidade é tão massificada nas telinhas que "no fundo não tem mais nada de sexual". Como insinuou Jabor: “há tantas superbundas e seios siliconados na televisão que nossos pintinhos não conseguem ter tesão nesse ritmo que aparentemente é só desejo”.
As mulheres que parecem plenamente livres na mídia, na vida real ainda são usadas, reprimidas, maltratadas e não são totalmente reconhecidas na sua capacidade pelo machismo velado do mundo ocidental. Por exemplo, as top models, salvo as famosas, são despossuídas de seus nomes para dar lugar às roupas de grifes. Nossa moral cristã ainda faz um desconto especial ao homem visto em cenas de sedução ou pré-cópula do que a uma mulher. No BBB alguns personagens são considerados volúveis, vulgares, falsos, e também são vistos em cenas de sedução.
Comparando as culturas e a moral do Brasil e dos EUA: enquanto que os resquícios da moral puritana deles criticavam duramente o então presidente Clinton pelos casos de assédio sexual, no Brasil, a imagem do presidente Itamar Franco, teria saído reforçada com mais pontos de masculinidade quando a imprensa divulgou imagens de uma moça, sua acompanhante, que dançava sem calcinha no seu camarote. Nosso reality show era ali inaugurado em alto escalão, sem nos darmos conta sobre qual era a moral do político e qual é o sentido da ética do povo que o aplaudia.
A televisão aberta investe nas obviedades, reforça o culto ao belo, promove a estética grotesca e o assistencialismo rasteiro. O formato de seus programas não autoriza espaço para o pensamento mais elaborado e mais sofisticado, salvo depois das 23 horas e nas TV por assinatura. Programas como o Jô Soares, Roda Viva, Observatório da Imprensa, esses dois da TV Cultura de São Paulo, uma televisão pública, vão ao ar depois das 22, 23 horas. Ocorre esse fato, ou porque o "homem televisivo" é meramente visual, carecendo de inteligência, ou é porque a TV que aí está parte do pressuposto de que seu papel não é o de educar ou elevar a cultura do telespectador, mas ao contrário, imbecibilizá-lo.
A TV é um lugar de exibição narcísica. A TV é uma máquina narcísica que fabrica narcisos. Nela, vemos e somos vistos; artistas e mesmo intelectuais aparecem mais para serem vistos que para exporem idéias. Dominado mais pela estética que pela preocupação de conteúdo, sobretudo carente de eticidade, é que a televisão termina resvalando pelo mesmismo das fórmulas repetidas e copiadas, do assunto imposto, do pequeno tempo para exposição de assuntos complexos e interesses cada vez mais da audiência pelo lucro. Personagens da TV gastam tanto tempo em assuntos de lugares comuns e com pessoas vazias de conteúdo, e sobrar pouco espaço para tratar de assuntos substanciosos e personagens que são exemplos de vida. Se contarmos quanto tempo nela é dedicado para temas ligados à educação do pensamento, da saúde e dos costumes e quanto tempo é usado para a exposição de rostos bonitos, bundas, seios siliconados, jogos, junto com a alienação dos lugares comuns do discurso religioso nas madrugadas, teremos o prognóstico não só da moral da televisão, mas do futuro da nação.
Não podemos deixar de reconhecer que a publicidade, a propaganda, os programas infantis, os filmes de crianças e adultos e, até certo tipo de jornalismo, fazem sucesso por que se aproveitam de nossas pulsões anarquistas mais primitivas e perversas; estas servem para responder mais a estética que a ética. Servem para curtir o prazer momentâneo e sem limites, que a coisa chata da obrigação de pensar, de discutir, de discernir o joio do trigo. Somos reféns de nossas pulsões, no sentido freudiano, que nos empurra mais para o sexo que para o amor, mais para a violência que para a paz, mais a quantidade de estímulos visuais sedutores que pela qualidade de programação, enfim, os dominantes da mídia sabem por que investem mais em ilusão que em verdade. Não que o ser humano não precise de ilusão para realizar suas demandas e enganar seus desejos, mas é necessário fazer a crítica do efeito da manipulação ideológica, cuja pretensão é substituir a realidade pela ilusão. Dito de outro modo, ao oferecer o circo como substituto da necessidade de pão, a ideologia que rege a televisão, acredita que as pessoas demandam viver mais de ilusão do que de realidade.
O reality show pode ter uma vida curta como qualquer programa de TV que vive de delírio de grandeza num primeiro momento de sucesso para algum tempo depois cair na repetição do mesmo ou do desgaste da fórmula, mas precisamos ver para analisá-lo como um fenômeno psicossocial, político, cultural, etc.
Antes de tudo, devemos ficar alertas para o verdadeiro big brother que é o império das redes de comunicação como é a própria televisão regendo nossas vidas e nos pressionando a abandonar o nosso e ser o desejo deles.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

“Bebadogroove vol. 1” – Mundo Livre S. A.

Resenha:
“Bebadogrove vol. 1”, um dos melhores álbuns da banda Mundo Livre S. A., lançado em 2005, representa a grandeza da cultura mangue, que surgiu em Recife, e apartir daí se difundiu pelos quatro cantos do pais.
O disco é uma representação marcante da nossa cultura popular, retratando uma realidade social da atual cultura local, menosprezada pela cultura midiática, normalmente a cultura do centro-sul do Brasil.
Mundo Livre S.A. é uma banda nascida em 1984 em Recife, PE. O nome foi retirado do personagem de TV Agente 86, que fazia diversas apologias ao mundo livre. Surgiu no bairro beira-mar de Candeias, em Recife, mesmo lugar onde foi redigido o manifesto “Caranguejos com Cérebro”, marco do movimento mangue, que prega a universalização da música pernambucana. O vocalista da banda foi o autor do manifesto, a banda foi uma das fundadoras do movimento Manguebeat.
O gênero musical expresso no álbum é nada mais, nada menos de que o manguebeat em junção com o samba-rock, recheado de várias influências, e letras super contextualizadas com o objetivo de mostrar uma realidade obscura da nossa sociedade. Mas também uma música alegre, sem monotomia, diferenciada e original, não atende a um único estilo musical, e se impõe as necessidades culturais do público local, se propagando devido, aos seus múltiplos modos de caracterização.
Sem dúvida alguma, esse disco é algo bastante interessante, de forma que há uma valorização da cultura popular nordestina, engrandecida pela diversificação dos estilos musicais que influenciam a música no Brasil. Muito bom!

“Terra em Transe”

Resenha:
“Terra em Transe”, filme de Glauber Rocha, conta a história de um jornalista que sofre ao ver políticos praticarem atos desonestos em Eldorado. E uma revolução política toma conta desse ambiente. A luta pelo poder deixa o jornalista Paulo Martins no centro de todos os acontecimentos. Atuando como escritor para os políticos, ele deixa sua vida e sua namorada para morar em Alecrim, onde ira trabalhar para Felipe Vieira, candidato a governador. Nessa situação em que um enorme sentimento de injustiça toma conta de Paulo, e ele finalmente entra para a luta armada.
Para o estrangeiro, o filme é de difícil compreensão, mas o brasileiro identifica melhor os aspectos de nossa antiga política, que até hoje vive nesse velho sistema. Mas é sempre preciso ver que se trata de uma alegoria. A câmera vem do mar, que relembra algumas origens portuguesas e tudo se transforma em samba, carnaval e cerveja, no caso hoje seria pizza.
O filme é uma crítica implacável da nossa política e se mantém atual nesse sentido. É um extraordinário exercício de estilo e um retrato psicológico do que é ser brasileiro, do que é fazer política no Brasil, onde tudo no fim dá sempre certo, existe sempre um “jeitinho brasileiro de ser” em todo contexto social.
De modo geral várias coisas se destacam em "Terra em Transe": como o filme foi premonitório, prevendo as guerrilhas que iriam suceder ao AI-5 da ditadura e exemplificadas pela atitude de Jardel Filho; todo o filme é um delírio de um poeta que se rebela contra a situação e vai morrer por isso, um verdadeiro herói. Então tudo é permitido e justifica as ousadias dentro da história, hoje já um pouco absorvidas e mal copiadas. Resiste especialmente bem o lado poético do diretor; toda a marcação teatral, encenada com a câmera perseguindo os atores (meio que vídeo amador), e não o contrário; o filme usa excepcionalmente poucas localidades tipicamente cariocas, como o Teatro Municipal, a galeria Menescal e o parque Lajes, mas sem revelar claramente que é o Rio. Sem dúvida alguma, "Terra em Transe" é uma obra-prima, recomendável a todos os tipos de público, uma aula sobre origem da nossa política e uma afeição figurada ao nosso herói romântico.

Complexins (“O papel estratégico das Relações Públicas: como sobreviver e prosperar em contextos vulneráveis”)

No dia 08 de abril de 2010, ás 19 horas, se realizou no auditório da biblioteca central da UFAL o primeiro “Complexins”, atividade de extensão acadêmica, organizado pelos professores Clayton Santos e Manuella Neves.
O evento contou com a participação da palestrante, professora Maria Aparecida Ferrari, professora Doutora pela ECA/USP, integrante da ABRAPCORP (Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas), que tinha como tema de palestra “O papel estratégico das relações públicas: como sobreviver e prosperar em contextos vulneráveis”, lançando seu livro: “Relações Públicas – teoria, contexto e relacionamento”, livro este que foi escrito em conjunto com o americano Gruning e o brasileiro França.
O livro é dividido em três pontos, cada ponto corresponde a uma perspectiva de cada autor. A parte I foi teorizada por Gruning, e tem como tema “Teoria Geral das Relações Públicas. Quadro teórico para o exercício da profissão”. A parte II, abordada por Maria Aparecida, retrata o “Cenário Latino-americano e em Relações Públicas”, no caso foi o enfoque da palestrante no evento. A parte III, fala dos “Relacionamentos Corporativos”, teorizada por França.
É importante ressaltar que toda a palestra se basea no contexto geral do livro lançado no evento, porém com uma abordagem mais aprofundada no cenário latino-americano da comunicação organizacional, e principalmente no Brasil. Devido a isso, Maria Aparecida retrata a grande importância das Relações Públicas dentro da organização, e de fato, ela mostra grandes exemplos de empresas que alcançaram sucesso no mercado, devido a um trabalho de campanha bem objetivo e comunicacional direcionado ao seu público alvo, disseminado o que seria seu público interno e externo.

E no dia 29 de abril do corrente ano, haverá a próxima palesta do evento,no mesmo local e horário, com a participação do jornalista Renato Miranda, falando sobre: "Comunicação e Crise: Metrô SP - Estação Pinheiros 2007". Participem.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Sacrifício – Andrei Tarkovski

Resenha:
O filme “O Sacrifício” do diretor Andrei Tarkovski, lançado em 1986, período tenso em que o mundo vivenciava-se diante da Guerra-Fria, mas que objetivamente o longa não fala desse contexto de especulação sobre o conflito, faz uma reflexão de temas de natureza filosófica e religiosa, ligados aos valores morais e matérias em que o personagem é posto.
O filme conta a história do professor e escritor aposentado Alexander, um ateu convicto e intelectual, que mora no campo junto com sua família, que se prepara para comemorar seu aniversário, mas esse festejo é puramente abalado com a notícia da guerra nuclear. Apartir dessas informações, os integrantes da família terão um tipo de reação diante desse fato, dessa possibilidade do fim do mundo.
Certamente o que podemos dizer é que o filme não faz crítica alguma sobre o uso que a humanidade faz da energia nuclear. Nesse sentido não podemos afirmar que o longa seja uma perturbadora obra de ficção, que se aprofunda tematicamente em uma situação catastrófica de um apocalipse projetado por nos seres humanos. O filme se utiliza de um tema amplamente complexo para ir ao encontro de temas de natureza filosófica e religiosa, onde o personagem principal se depara com essa realidade de incerteza sobre o futuro da humanidade.
Alexander é posto numa relação conflitual consigo mesmo, devido a sua incerteza sobre seu futuro e o de sua família. Ele reflete sobre a realidade inconseqüente, que o ser humano impõe a si mesmo. Há momentos no filme que o personagem renega toda sua vida, seus valores, tudo que havia conseguido materialmente, em troca de paz. Naquele momento ele é um inútil, incapaz e solitário diante da gravidade da situação. Então sua única saída é recorrer a Deus. Então o professor clama ao seu Deus, reza e chora.
Na verdade é uma história com constante redundância no contexto geral do filme, porém, tem que manter bastante atenção em todos os detalhes, pra conseguir entender a base dessa história.

In Rainbows - Radiohead

Resenha:
O Álbum In Rainbows, lançado em 2007, pela banda inglesa Radiohead, traz um pouco de rock alternativo e rock in roll, misturados a algumas pegadas eletrônicas, e possui características diferenciadas dentro do universo musical do rock bastante interessante no ponto de vista geral do conteúdo.
São músicas que não se predem a um único estilo de rock, pois dentro do desse estilo existem vários modos diferenciados uns dos outros, de maneira que isso possa nos proporcionar uma diversidade cultural, recheada de várias influências na composição do disco.
A banda tem história interessante, surgiu em Oxford na Inglaterra, e só veio ganhar popularidade em seu país quando lança seu segundo álbum de estúdio The Bends, em 1995. E só veio a ganhar fama mundial em 1997 com o disco Ok computer, que tinha um som bastante expansivo e falava de temas sobre a alienação moderna, esse disco é aclamado até hoje como um marco dos anos 90. Os gêneros em que a banda se encaixa são o rock alternativo, rock experimental, música eletrônica e post grunge, todos eles contidos na alternância musical da banda.
Esse último álbum In Rainbows, conta com dez faixas, variadas e extremamente contagiantes. Em minha visão diante do conjunto da obra, o disco ainda deixa um pouco a desejar, pois em certo sentido ele se mostra muito melancólico, parado em meio a explosão musical que é o rock in roll. Devido a isso ainda sim percebo que a banda evoluiu no contexto musical, adicionando características fundamentais na composição do rock de origem inglesa.
Recomendo esse disco a todos os críticos e amantes de um bom e velho rock in roll, que se alterna em outros campos musicais e englobam um novo sentido a esse universo gigantesco que se encontra o rock.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A Mercadoria - Karl Marx

Resumo:
O capítulo “A Mercadoria”, publicado no livro O Capital de Karl Marx, fala de fatores da mercadoria: valor de uso, valor de troca, grandeza do valor, duplo caráter do trabalho representado na mercadoria, e por fim faz uma reflexão do caráter fetichista da mercadoria, ou seja, de todo o mistério por traz de seus fatores, seja ele valor de uso ou mesmo valor de troca.
No primeiro tópico, inicialmente, se fala que a riqueza das sociedades em que domina o modo-de-produção capitalista apresenta-se como uma "imensa acumulação de mercadorias”. A análise da mercadoria, forma elementar desta riqueza, será, por conseguinte, o ponto de partida dessa investigação. E a mercadoria é, antes de tudo, um objeto exterior, uma coisa que, pelas suas propriedades, satisfaz as necessidades humanas ou de qualquer espécie, que essas necessidades tenham a sua origem no estômago ou na fantasia, a sua natureza em nada altera essa questão. Não se trata tão pouco aqui de saber como são satisfeitas essas necessidades: imediatamente, se o objeto é um meio de subsistência (objeto de consumo), indiretamente, se é um meio de produção.
Todas as coisas úteis, como o ferro, o papel, etc., podem ser consideradas sob um duplo ponto de vista: o da qualidade e o da quantidade. Cada uma delas é um conjunto de propriedades diversas, podendo, ser útil sob diferentes aspectos. Descobrir esses diversos aspectos e, ao mesmo tempo, os diversos usos das coisas, isso é obra da história. Assim, a descoberta de medidas sociais para quantificar as coisas úteis: a diversidade destas medidas decorre, em parte, da natureza diversa dos objetos a medir, em parte, de convenção.
A utilidade de uma coisa transforma essa coisa num valor-de-uso, mas esta utilidade nada tem de vago e de indeciso. Sendo determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, não existe sem ele. O próprio corpo da mercadoria, tal como o ferro, o trigo, o diamante, etc., é, conseqüentemente, um valor-de-uso, que não é o maior ou menor trabalho necessário ao homem para se apropriar das qualidades úteis que lhe confere esse caráter. Os valores-de-uso só se realizam pelo uso ou pelo consumo. Constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social dessa riqueza. Na sociedade que nos propomos examinar, são, ao mesmo tempo, os suportes materiais do valor-de-troca.
O valor-de-troca surge, antes de tudo, como a relação quantitativa, a proporção em que valores-de-uso de espécie diferente se trocam entre si, relação que varia constantemente com o tempo e o lugar. O valor-de-troca parece, portanto, qualquer coisa de arbitrário e de puramente relativo; um valor-de-troca intrínseco, imanente à mercadoria. Vejamos a questão mais de perto. Uma mercadoria particular (por exemplo, um alqueire de trigo) troca-se por outros artigos nas mais diversas proporções. Portanto, o trigo tem múltiplos valores-de-troca, em vez de um só.
Como valores-de-uso, as mercadorias são, sobretudo, de qualidade diferente; como valores-de-troca só podem ser de quantidade diferente, e não contêm, portanto, um só átomo de valor-de-uso. Cada mercadoria particular conta em geral como um exemplar médio da sua espécie. As mercadorias que contêm iguais quantidades de trabalho ou que podem ser produzidas no mesmo tempo têm, portanto, um valor igual. O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra como o tempo de trabalho necessário à produção de uma está para o tempo de trabalho necessário à produção da outra. Já a grandeza de valor de uma mercadoria permaneceria, evidentemente, constante se o tempo necessário à sua produção permanecesse constante. Contudo, este último varia com cada modificação da força produtiva ou produtividade do trabalho.
Uma coisa pode ser um valor-de-uso e não ser um valor: basta que seja útil ao homem sem provir do seu trabalho. Assim acontece com o ar, prados naturais, terras virgens, etc. Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano e não ser mercadoria. Quem, pelo seu produto, satisfaz as suas próprias necessidades, apenas cria um valor-de-uso pessoal (mas não uma mercadoria). Nenhum objeto pode ter um valor se não for uma coisa útil. Se for inútil, o trabalho que contém é gasto inutilmente, não conta como trabalho, e, portanto, não cria valor.
Na parte do duplo caráter do trabalho representado na mercadoria, a mercadoria aparece-nos sob um duplo aspecto: valor-de-uso e valor-de-troca. Vimos em seguida que todas as características que qualificam o trabalho enquanto produtor de valores-de-uso desaparecem quando ele se exprime no valor propriamente dito. Este duplo caráter do trabalho consubstanciado na mercadoria foi posto em relevo, pela primeira vez, por mim. O fato é um valor-de-uso que satisfaz uma necessidade particular. Resulta de um gênero particular de atividade produtiva, determinada pelo seu fim, modo de operação, objeto, meios e resultado. Ao trabalho que se manifesta na utilidade ou valor-de-uso do seu produto chamamos nós, muito simplesmente, trabalho útil. Sob este ponto de vista, ele é sempre considerado com referência à sua utilidade prática.
Ao conjunto dos valores-de-uso de todas as espécies corresponde um conjunto de trabalhos úteis igualmente diversos, conforme o gênero, a espécie, a variedade - uma divisão social do trabalho. Esta é condição de existência da produção de mercadorias, embora reciprocamente a produção de mercadorias não seja condição de existência da divisão social do trabalho. Em suma: o valor-de-uso de cada mercadoria contém um trabalho útil especial ou provém de uma atividade produtiva que responde a um fim particular. Não se podem contrapor valores-de-uso como mercadorias a não ser que contenham trabalhos úteis de diferente qualidade. Numa sociedade em que os produtos assumem em geral a forma de mercadoria, isto é, numa sociedade de produtores de mercadorias, a diferença entre os diversos gêneros de trabalho útil, executados independentemente uns dos outros como assunto particular de produtores autônomos, conduz a um sistema multi-ramificado, a uma divisão social do trabalho.
Ao produzir, o homem só pode agir tal como a própria natureza; quer dizer, ele apenas pode modificar as formas da matéria, mas nessa obra de simples transformação, ele é ainda constantemente coadjuvado pelas forças naturais. O trabalho não é, portanto, a única fonte dos valores-de-uso que produz, da riqueza material. Ele é o pai e a terra a mãe.
O trabalho complexo (trabalho qualificado) é apenas trabalho simples potenciado, ou melhor, multiplicado, de modo que uma dada quantidade de trabalho complexo corresponde a uma quantidade maior de trabalho simples. A experiência mostra que esta redução se faz constantemente. Mesmo quando uma mercadoria é produto do trabalho mais complexo, o seu valor equipara-a numa proporção qualquer ao produto de um trabalho simples, representando, portanto, apenas uma quantidade determinada de trabalho simples. As diversas proporções segundo as quais as diferentes espécies de trabalho são reduzidas ao trabalho simples, como sua unidade de medida, estabelecem-se na sociedade sem que os produtores disso se apercebam, parecendo-lhes, portanto estabelecidas pelo costume. Daí resulta que, na análise do valor, todas as variedades de força de trabalho devem ser consideradas como força de trabalho simples. Portanto, do mesmo modo que nos valores tecido e fato se abstrai da diferença dos seus valores-de-uso, igualmente se abstrai, no trabalho que estes valores representam, da diferença das suas formas úteis: confecção e tecelagem.
Uma quantidade maior de valores-de-uso constitui, evidentemente, uma maior riqueza material; com dois fatos podem vestir-se dois homens, com um fato, apenas um; etc. Todavia, a um acréscimo da massa da riqueza material pode corresponder um decréscimo simultâneo do seu valor. Este movimento contraditório deriva do duplo caráter do trabalho. A eficácia de um trabalho útil, num certo espaço de tempo, depende da sua força produtiva ou produtividade. Por isso, o trabalho útil torna-se uma fonte mais ou menos abundante de produtos na razão direta do aumento ou da diminuição da sua força produtiva.
Embora não se possa falar propriamente em duas espécies de trabalho na mercadoria, todavia o mesmo trabalho apresenta-se nela sob dois aspectos opostos, conforme se reporte ao valor-de-uso da mercadoria, como seu produto, ou ao valor dessa mercadoria, como sua pura expressão objetiva. Todo o trabalho é, por um lado, dispêndio, no sentido fisiológico, de força humana, e é nesta qualidade de trabalho igual, (abstrato) que ele constitui o valor das mercadorias. Todo o trabalho é, por outro lado, dispêndio da força humana sob esta ou aquela forma produtiva, determinada por um objetivo particular, e é nessa qualidade de trabalho concreto e útil que ele produz valores-de-uso ou utilidades.
Na forma do valor ou valor de troca, as mercadorias vêm ao mundo sob a forma de valores-de-uso ou de objetos-mercadorias, tais como ferro, tecido, lã, etc. É essa, precisamente, a sua forma natural (vulgar). Com isso, só são mercadorias na medida em que se apresentam sob um duplo aspecto: como objetos de uso e como suportes de valor.
Em flagrante contraste com a materialidade palpável da mercadoria, não existe um único átomo de matéria que entre no seu valor. Podemos, pois, dar voltas e mais voltas a uma certa mercadoria: enquanto objeto de valor, ela permanecerá inapreensível. No entanto, se nos recordarmos que as mercadorias só possuem valor enquanto são expressão da mesma unidade social - trabalho humano. Portanto, o valor das mercadorias é uma realidade puramente social, torna-se evidente que essa realidade social também só se pode manifestar nas transações sociais, nas relações das mercadorias umas com as outras.
De forma geral, a única relação entre as mercadorias é uma relação de valor, e a mais simples relação de valor é, evidentemente, a relação de uma mercadoria com outra qualquer mercadoria de espécie diferente. A relação de valor ou de troca de duas mercadorias fornece, portanto, a uma mercadoria, a expressão mais simples do seu valor.
Inicialmente, a primeira vista, uma mercadoria parece uma coisa trivial e que se compreende por si mesma. Logo após vemos o contrário, que a mercadoria representa muita coisa, algo bem complexo, cheia de subtilezas metafísicas e de argúcias teológicas, enquanto no valor-de-uso, nada de misterioso existe nela.
O caráter misterioso da mercadoria não provém do seu valor-de-uso, não provém tão pouco dos fatores determinantes do valor. Provém caráter enigmático do produto do trabalho, logo que ele assume a forma-mercadoria? Evidentemente, dessa mesma forma. A igualdade dos trabalhos humanos adquire a forma (objetiva da igualdade) de valor dos produtos do trabalho; a medida do dispêndio da força de trabalho humana, pela sua duração, adquire a forma de grandeza de valor dos produtos do trabalho; finalmente, as relações entre os produtores, nas quais se afirmam as determinações sociais dos seus trabalhos, adquirem a forma de uma relação social dos produtos do trabalho. Em todas as épocas sociais, o tempo necessário para produzir os meios de subsistência interessou necessariamente os homens, embora de modo desigual, de acordo com o estádio de desenvolvimento da civilização. Enfim, desde que os homens trabalham uns para os outros, independentemente da forma como o fazem, o seu trabalho adquire também uma forma social.
O caráter misterioso da forma-mercadoria consiste simplesmente em que ela apresenta aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como se fossem características objetivas dos próprios produtos do trabalho, como se fossem propriedades sociais inerentes a essas coisas; e, portanto, reflete também a relação social dos produtores com o trabalho global como se fosse uma relação social de coisas existentes para além deles. Este caráter fetiche do mundo das mercadorias decorre do caráter social próprio do trabalho que produz mercadorias. E somente pela troca é que os produtos do trabalho adquirem como valores, uma existência social idêntica e uniforme, distinta da sua existência material e multiforme como objetos úteis.
O duplo caráter social dos trabalhos privados apenas se reflete no cérebro dos produtores, sob as formas em que se manifestam no tráfico concreto, na troca dos produtos, no caráter socialmente útil dos seus trabalhos privados, no fato de o produto do trabalho ter de ser útil, e útil aos outros; e o caráter social de igualdade dos diferentes trabalhos no caráter comum de valor desses objetos materialmente diferentes os produtos do trabalho.
De fato, o caráter de valor dos produtos do trabalho só se fixa quando eles se determinam como grandezas de valor. Estas últimas mudam sem cessar, independentemente da vontade e das previsões (das ações) daqueles que trocam mercadorias. A determinação da grandeza de valor pela duração do trabalho é, portanto, um segredo escondido sob o movimento aparente dos valores (relativos) das mercadorias; mas a sua descoberta, mostrando embora que a grandeza de valor não se determina ao acaso, como poderá parecer, não faz com isso desaparecer a forma que representa esta quantidade como uma relação de grandeza entre as coisas, entre os próprios produtos do trabalho.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

“O Expresso da Meia-noite”

Resenha:
“O Expresso da Meia-noite”, filme do diretor Alan Parker, lançado em 1978, é baseado em uma história real, um fortíssimo longa-metragem que retrata a dor, miséria e liberdade, fazendo uma critica aos países do Oriente Médio e suas brandas punições a estrangeiros traficantes, para eles uma certa forma de mostrar que ha “justiça”. O Filme mostra a história do jovem Billy Hayes, que na tentativa de sair da Turquia transportando haxixe é preso dando início ao inferno que se tornaria sua vida apartir daquele momento. Logo após sua prisão e condenação, Billy passa a viver numa cadeia infernal, restando 53 dias para sua liberdade ele é julgado novamente e dessa vez condenado a mais de 30 anos de prisão em regime fechado.
Na verdade não é um filme fácil e de certa forma se torna desconfortável de ser visto. É preciso vê-lo com certa frieza, pois as cenas são de difíceis compreensão, e se não entrar no clima e ser uma “testemunha” do que acontece na prisão dificilmente gostará do filme. Um exemplo onde o espectador precisa ser frio é no momento em que seu amigo é acusado por outro prisioneiro de estar com drogas, Billy fica furioso e começa a bater no homem que acusou seu amigo, terminando por arrancar sua língua. Depois daí as cenas são piores ainda, pois ele passa a viver numa espécie de manicômio dentro da prisão, e começa a enlouquecer, é ai que começa o desfecho da história. Billy recebe a visita da mulher que foi sua namorada na época da prisão, mas que continua apaixonada por ele. Ela pede que ele retome sua consciência e lhe dá um álbum com dinheiro escondido para que ele tente sair do inferno em que vive – para mim, essa é a parte mais forte do filme, pois ele fica irreconhecível – e siga para a fronteira com a Grécia.
Após ser levado para um lugar pelo diretor da prisão, Billy consegue fugir, onde é sempre agredido, mas que em um único instante ele consegue empurrá-lo, fazendo com que um pedaço de madeira perfure sua cabeça, levando o então diretor da prisão a morte. Em seguida Billy veste suas roupas e consegue fugir pela porta da frente do tal presídio.

Salve Simpatia – Jorge Benjor

Resenha:
Um álbum bastante interessante de se ouvir é “Salve Simpatia” de Jorge Benjor, lançado em 1979, em meio à ditadura militar, e sem perder o brilho da música popular brasileira.
O disco é super chamativo no sentido da junção de melodia e letra, isso proporciona belas canções enriquecidas de temas bastante pertinentes na época e até comparados na realidade de hoje.
Jorge Ben Jor é muito mais consagrado internacionalmente, pois tem uma identidade própria com música e seu jeito alegre de passar a mensagem. Dentro do contexto desse disco as letras abordam o modo preconceituoso de uma forma metafórica, que falando da mulata, retrata a posição da questão de raças e etnias no Brasil naquela época.
A composição de tais músicas, principalmente nas letras, não só falam da questão das raças ou tentam valorizar essas etnias, mas também trazem alegria com o modo de falar de realidade dentro de uma sociedade sem democracia aparentemente. A música de Ben Jor é direcionada a todos os tipos de público, que em seu sentido vai de encontro com problemas relacionados à sociedade em geral.
Você ouvir Jorge Benjor não é ouvir um simples cantor de MPB, ele traz todo um diferencial em seu estilo musical, que não se prende a um único ritmo e se diversifica em vários tipos de música brasileira. Tudo isso faz com que se ganhe m sentido próprio, valorizando e enriquecendo a nossa cultura, um bom exemplo é o Samba, que se une com a MPB e a Borça Nova.
Não é muito fácil se falar do que você aparentemente não conhece, mas são experiências bem legais super interessantes e se tornam ainda mais quando você passa a gostar da música, e daí se tem uma forma mais verdadeira e coerente de criticar no sentido perceptível da obra.
Mais uma vez ressaltando a letra contida no disco de Bem Jor, que se utiliza de uma linguagem apopularizada, sem termos fora do comum, com o objetivo de atender um nível menosprezado dentro da sociedade, mas que vai muito além de um só público.
Recomendo não só esse disco, mas sim toda discografia de Jorge Ben Jor, e diante disso acredito que quem ouvir, entender e interpretar a mensagem passada, e ainda juntamente com a alegria e batidas das músicas, vão acabar tirando boas conclusões dos trabalhos do artista. Para aqueles que gostam de música em mistura com outros estilos e que falam de temas sociais, que retratam a realidade do povo, tai um bom trabalho a se apreciar.