sábado, 7 de novembro de 2009

Propaganda ou Relações Públicas?O que é mais efetivo para construir marca?

Aí está um bom tema para uma tese de mestrado de algum desses MBAs por aí… Ah esqueci-os “master in business administration” recebem título de “master” mas não fazem tese. É compreensível.Dá trabalho mesmo a tal tese.Tem que ir para o campo coletar dados, cruzá-los, descobrir padrões, verificá-los, e, aí sim, expô-los numa forma que qualquer um possa checar sem depender de quem disse.Se,como dizem,a metade do que se gasta em propaganda é supérfluo, como identificar a metade certa? A resposta vale ouro.
Al Ries (grande profissional do marketing) talvez mereça muitas das críticas que recebeu, mas suspeito que valha a pena prestar atenção ao seu argumento central. Ele afirma que todos os grandes sucessos recentes de marketing foram construídos com pouca propaganda (quase nenhuma) e toneladas de RPs. Pode ser exagero, mas, realmente Google, e-Bay, Dell, Wal Mart, Starbucks, Palm, Prozac, Yahoo, Linux, Botox, The Body Shop, Viagra, Amazon, PlayStation, Red Bull, Harry Potter, You Tube,...- não dependeram de propaganda para se firmar. Certo, um dos problemas aqui é que Ries não faz distinção entre produtos (Viagra)e conceitos de negócio (Dell),nem reconhece nuances entre as várias categorias que lista. Na pressa, enfia tudo no mesmo saco.
Mas, com toda imprecisão, no “atacado”o que Ries observa é detectável por qualquer um:ontem era impossível construir marca (em mercados de massa) sem propaganda, hoje se tornou freqüente. O que mudou? (continua). obs: amigos comentem a respeito desse texto...

O ESTRUTURALISMO

A Psicologia é uma ciência que estuda o Homem, seus aspectos mentais, seu comportamento, sua forma de reagir diante das diversas situações com o objetivo de facilitar a convivência consigo próprio e com os outros seres vivos. Nenhum aspecto da vida humana foge aos interesses da psicologia. Da vida pré-natal à morte, no lar, na escola, no trabalho, na saúde, na doença, em pequenas comunidades, em grandes metrópoles, em conflitos conjugais, administrativos, empresariais, pessoais, etc. Embora consolidada como objeto de estudo da ciência apenas por volta de 1879, com Wilhelm Wundt, sua origem confunde-se com a história da filosofia. A gênese da psicologia pode ser localizada no quarto e quinto séculos a.C. com os filósofos gregos Sócrates, Platão e Aristóteles levantando questionamentos e reflexões fundamentais sobre o funcionamento da razão humana. Esses filósofos trouxeram questões sobre como as pessoas percebem a realidade, o que é a consciência e como as pessoas são capazes de exercer o livre arbítrio. Assim, durante séculos, foi como estudo da alma que a psicologia existiu.

Contudo, o conhecimento adquirido por meio de reflexão e especulação, típico da filosofia, começa a ser gradualmente questionado pela sociedade. Com a necessidade de o conhecimento ser cada vez mais sistemático, crítico e rigoroso, através, principalmente, do emprego do método experimental, uma nova forma de conhecimento começa a se consolidar como uma fonte de verdade e sabedoria; surge, com isso, a ciência. A primeira das ciências a se desvincular da filosofia foi a Matemática, já no ano 300 a.C com Euclides.

As outras ciências só muito mais tarde se tornaram autônomas: a Física, na primeira metade do século XVII com Galileu; A Química com as pesquisas de Lamarck e C. Bernard no século XIX. No final do século XIX e início do século XX, vimos o aparecimento das Ciências Sociais, da Psicologia, bem como da Lógica. Tudo isto veio a questionar a noção de saber total para a filosofia. De certo modo, podemos dizer que, quando se trata um assunto, até então filosófico, pelo método experimental e positivo, este assunto se torna objeto de uma nova ciência.
Desse modo, a Psicologia passa a ser considerada ciência simplesmente pelo fato de os cientistas a ela se dedicarem experimentalmente. Valendo-se do método experimental, os pesquisadores já tinham consolidado definitivamente a Física e a Biologia, ciências estas que detiveram descobertas fundamentais para o surgimento da psicologia. Assim, o fundador da psicologia como ciência foi Wilhelm Wundt que em 1879, na universidade de Leipzig, na Alemanha, ao criar o primeiro laboratório experimental de psicologia. Seu método de pesquisa seguia a melhor tradição científica, envolvendo a observação, experimentação e medição. Este foi o marco histórico da psicologia como uma ciência e o grande mérito de seu fundador foi o fato de desvinculá-la da filosofia, tornando-a uma verdadeira ciência com autonomia em relação às demais áreas do conhecimento.

Wundt começa definindo o objeto da psicologia como o estudo da consciência. Para isso, decompõe-na em suas partes mais elementares; à semelhança da divisão em átomos da química. A Psicologia deixa de ser o estudo da vida mental e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes.
O grande desafio da época se resumia em estudar a consciência através dos métodos experimentais e quantitativos que eram pertinentes às outras ciências. Para atingir este objetivo, no seu Laboratório Wundt treinava os cientistas para que eles respondessem a perguntas específicas e bem definidas sobre as experiências vividas ali dentro do espaço criado por ele. O método era rigoroso e exigia que os observadores tivessem que realizar a experiência pelo menos dez mil vezes antes de expor os resultados publicamente.

Utilizava como método de estudo a introspecção. Esse método consistia em, no laboratório, observadores treinados descreverem as suas experiências a estímulos externos resultantes de uma situação experimental. Através da introspecção, a pessoa observava suas próprias experiências (emoções, percepções, recordações, etc) e as relatava. Por exemplo: os observadores ouviam um som e em seguida descreviam o que sentiam. Este método, que se resume em uma espécie de auto-análise, permitia o acesso à experiência consciente do indivíduo. Se a Psicologia, segundo Wundt, é a ciência da experiência, o método de pesquisa deve envolver, portanto, a observação dessa experiência. Como ninguém pode observar uma experiência, exceto a pessoa que a tem, o método deve envolver a auto-observação ou introspecção.
Wundt definiu regras importantes para o uso correto da introspecção em laboratório. Primeiramente, o observador devia ser capaz de determinar quando o processo pode ser introduzido; tinha que se encontrar num estado de muita concentração; devia estar apto a repetir a observação numerosas vezes; e, finalmente, as condições experimentais deviam ser capazes de variações em termos de manipulação controlada dos estímulos. Esta última condição invoca a essência do método experimental: variar as condições da situação de estímulo e observar as mudanças resultantes nas experiências do sujeito.

Esse método teve seu mérito por conseguir resultados eficientes e, principalmente, por consagrar definitivamente a psicologia como uma ciência. Contudo, apresentava algumas sérias limitações. Em primeiro lugar, excluía automaticamente do estudo as experiências com crianças e animais, pois estes não podiam ser treinados adequadamente para utilizar a introspecção. Para poder relatar os elementos básicos desta introspecção, tal como era praticada na universidade de Leipzig, era necessário um treinamento árduo. Esta habilidade só era adquirida após um longo período de rigoroso aprendizado. Em segundo lugar, os psicólogos da época consideravam fenômenos complexos, tais como pensamentos, moralidade, linguagem e anormalidade, impróprios para estudos introspectivos e, portanto, fora do alcance da ciência. Em conseqüência disso, outros movimentos surgiram posteriormente para remediar essas falhas.

Assim, Wundt criou o que, mais tarde, seria chamado de estruturalismo, por seus opositores, os funcionalistas. Como vemos, este termo, embora não necessariamente desapropriado para o método wundtiano, não foi escolhido por seu criador, por isso deve ser usado com ressalvas. Titchener levou a idéia da Psicologia para os Estados Unidos, modificando-a em alguns pontos. Essa Psicologia científica fundada por Wundt e seguida por Titchener e, posteriormente, por W. James se ramificou em duas escolas: Estruturalismo e Funcionalismo. Contudo, estas correntes foram abandonadas por volta da metade do século XX, sendo substituídas por novas teorias mais bem fundamentadas como o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise, as quais se tornaram as três mais importantes tendências teóricas da Psicologia atual.

A originalidade da contradição e seu uso filosófico

Em algumas vezes o uso da filosofia proporciona um certo esclarecimento do sentido das palavras, então poderíamos dizer que, a filosofia segue o seu papel originário: revelar ou trazer algo que para nós estava de modo obscuro, daí se tem o primeiro sentido da palavra verdade. E por outro, com os anos passados, as reflexões filosóficas tendem a tornar oculto para nós o sentido originário de certos conceitos.
Na origem etimológica, a contradição, seu conceito não significa nem mais nem menos do que se contrapor a um dizer, um contradizer, expressar convicções opostas ás apresentadas anteriormente.
O diálogo consiste em uma polaridade originária que é própria da dialética, e contradizer a alguém não é apenas opor-se a, mas opor-se a alguém sob um mesmo ponto de vista, sob um objeto comum que está sendo analisado lingüisticamente. Esse contradizer pode ser analisado a partir de uma versão meramente negativa, ou seja, ao discurso lúcido de alguém, contraponho qualquer argumento que o refute, sem procurar saber das razões, essa seria uma tentativa aristotélica, que já tinha na verdade sua formulação originária em Platão, embora estivesse inacabada.
Platão não utiliza o termo contradição com sentido de oposição, como mostrado anteriormente, na verdade quem faz esse uso é Hegel, daí acreditamos que podemos mostrar nos diálogos platônicos o uso filosófico de uma oposição, onde cada um dos opostos apresentam uma insuficiência, ao serem analisados isoladamente, encontrando a resolução de sua falta só em sua correlação mútua.
A contradição que representa o impulso na busca do bem, sendo o elemento vital e processual que está na origem da amizade, é uma contradição por insuficiência ou falta, ou seja: o não possuir o bem leva o amigo a procurar daquilo que lhe falta. Mas essa contradição não é de modo algum resultado de uma oposição entre opostos inconciliáveis.
A teoria do amor de Platão termina vindo revelar dois diferentes modos de resolver um mesmo problema, daí a insuficiência originária é a que caracteriza todo o ato de amor. Essa insuficiência está claramente vinculada à presença do homem no mundo sensível. E a teoria das Formas também de Platão representa um ponto de vista em que a visão dualista traz sua maior ênfase. Daí surge as oposições tradicionais entre aquilo que é imaterial, imutável, universal, verdadeiro – as formas – com o que é material, mutável, singular, falso – as coisas sensíveis diante desse contexto. Essa teoria irá ter uma de suas apresentações mais emblemáticas na obra VI da República, e será posteriormente posta em prática pelo diálogo Parmênides.
Poderíamos dizer que o diálogo Parmênides, se trata basicamente do exercício intelectual, ou seja, posição defendida pelo próprio D. Ross, mas na verdade o diálogo nos diz muito mais do que isto.
O Parmênides nos mostrou primeiro, não que todas as formas de oposições levam necessariamente à incongruência do discurso, o que viabilizou a própria dialética, que é justamente o método por excelência do estudo crítico das oposições no pensamento filosófico, levando ao conhecimento da verdade. Aquele diálogo revelou o uso falso da relação dos opostos, e o modo como o uso dele nos leva a contradições disruptivas, e por outro lado apontou a necessidade de repensar a relação uno - múltiplo em uma outra dimensão. O sofista sempre procurará repensar essa relação uno – múltipla.
As doutrinas não-escritas de Platão começaram a adquirir uma relevância, a partir dos estudos da chamada Escola de Tübingen, que teve como maiores destaques foram H. Krämer e K. Gaiser. Posteriormente, os estudos foram também aprofundados por G. Reale na Itália. Daí, desde então, a proposta de uma releitura das obras platônicas pelo viés das doutrinas não-escritas. O objetivo desse trabalho é apenas mostra alguns traços de teorias metafísicas divergentes que se apresentam nos próprios diálogos escritos e como também no âmbito do Platão exotérico há a tendência da superação de uma visão integradora, onde nela se procura romper com o dualismo radical entre mundo formas e mundo sensível.
A questão central que gira em torno da possível conciliação entre modos opostos subsumidos sob a qualificação de prazer. E Sócrates adverte que essa é uma possível relação de dificuldade entre uno e múltiplo, e mais especificamente entre a forma imutável e una as suas diversas formas de aparição na concretude. E com isso há uma necessidade de encontrar uma possível mediação entre mundo das formas e mundo sensível. Todos nós somos jogados na questão central do platonismo, com uma tentativa, antes não tão postas claramente, de uma possível solução para essa velha dicotomia.
Nesse texto encontramos um desfecho para a interpretação inicial da dialética, segundo o autor: é no conceito de alma do mundo e em uma dialética que vai pela busca da unidade entre opostos correlativos que se dá a superação da dicotomia radical da metafísica platônica como é tradicionalmente conhecida.

O QUE É DIALÉTICA – (Leandro Konder)

A dialética, na Grécia antiga, era a arte do diálogo e que aos poucos, passou a ser a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão.
Na acepção moderna, entretanto, dialética significa outra coisa: é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.
No sentido moderno da palavra, o pensador dialético mais radical da Grécia antiga foi, sem dúvida, Heráclito de Efeso (aprox. 540-480 a.C.). Nos argumentos deixados por Heráclito, pode-se ver que tudo existe em constante mudança, que o conflito é o responsável por todas as coisas. Os gregos acharam essa concepção de Heráclito muito abstrata, muito unilateral. Chamaram o filósofo de Heráclito, o “Obscuro”.
Eles preferiram a resposta dada por um outro pensador da mesma época: Parmênides. Ele acreditava que a essência profunda do ser era imutável e dizia que o movimento (a mudança) era um fenômeno de superfície.
Essa linha de pensamento - que podemos chamar de metafísica - acabou prevalecendo sobre a dialética de Heráclito.
A concepção dialética foi reprimida, historicamente: foi empurrada para posições secundárias, condenada a exercer uma influência limitada. A metafísica se tornou hegemônica. Mas a dialética não desapareceu. Para sobreviver, precisou renunciar às suas expressões mais drásticas, precisou conciliar com a metafísica, porém conseguiu manter espaços significativos nas idéias de diversos filósofos de enorme importância.
Aristóteles, um pensador nascido mais de um século depois da morte de Heráclito, reintroduziu princípios dialéticos em explicações dominadas pelo modo de pensar metafísico. Segundo ele, todas as coisas possuem determinadas potencialidades; os movimentos das coisas são potencialidades que estão se atualizando, isto é, são possibilidades que estão se transformando em realidades efetivas. Graças a ele, os filósofos não abandonaram completamente o estudo do lado dinâmico e mutável do real.
No final do Século XVIII e no começo do Século XIX, os conflitos políticos já não eram mais abafados nos corredores dos palácios e estouravam nas ruas. Essa situação se refletiu na filosofia. Se refletiu até na filosofia que se elaborava na longínqua cidade de Kõnigsberg, na Prússia oriental (hoje a cidade se chama Kaliningrado e fica na União Soviética), onde nasceu, viveu, escreveu e morreu aquele que provavelmente é o maior dos pensadores metafísicos modernos: Imanuel Kant (1724-1804). À sua volta, a história da Europa estava pondo a nu muitas contradições e Kant não pôde deixar de pensar sobre a contradição, em geral. Kant percebeu que a consciência humana não se limita a registrar passivamente impressões provenientes do mundo exterior, que ela é sempre a consciência de um ser que interfere ativamente na realidade; e observou que isso complicava extraordinariamente o processo do conhecimento humano. Sustentou, então, que todas as filosofias até então vinham sendo ingênuas ou dogmáticas, pois tentavam interpretar o que era a realidade antes de ter resolvido uma questão do que seria o conhecimento em sí.
O centro da filosofia, para Kant, não podia deixar de ser a reflexão sobre o que de fato seria o conhecimento, a questão da exata natureza e dos limites do conhecimento humano. Fixando sua atenção naquilo que ele chamou de "razão pura", que ele se convenceu, então, de que na própria "razão pura" (anterior à experiência) existiam certas contradições (as "antinomias") que nunca poderiam ser expulsas do pensamento humano por nenhuma lógica.
O trabalho - segundo Marx - é a atividade pela qual o homem domina as forças naturais, humaniza a natureza; é a atividade pela qual o homem se cria a si mesmo. Mas , então, o trabalho de condição natural para a realização do homem chegou a tornar-se exploração dele próprio. Tranfosmando-se em uma atividade que é sofrimento, uma força que é impotência, uma procriação que é castração.
Uma primeira causa dessa deformação monstruosa se encontra na divisão social do trabalho, na apropriação privada das fontes de produção, no aparecimento das classes sociais. Alguns homens passaram a dispor de meios para explorar o trabalho dos outros; passaram a impor aos trabalhadores condições de trabalho que não eram livremente assumidas por estes. A partir da divisão social do trabalho, a humanidade passava a ter uma dificuldade bem maior para pensar os seus próprios problemas e para encará-los de um ângulo mais amplamente universal.
Examinando o modo de produção capitalista, em seu livro O Capital, Marx notou que com ele se criou uma situação política nova, sem precedentes, na história das lutas de classes. O capitalismo é como aquele aprendiz de feiticeiro que colocou em movimento forças que em seguida escaparam ao seu controle.
Para a dialética marxista, o conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um processo de totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada, ou seja, qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo. Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente, com problemas interligados. Por isso, para encaminhar uma solução para os problemas, o ser humano precisa ter uma certa visão de conjunto deles.
É evidente que, na prática, a vida coloca diante da sociedade problemas que possamos resolver, em geral, sem necessidade de recorrer a cada passo a considerações de filosofia da história. De certo modo, contudo, mesmo no dia-a-dia, estamos sempre, implicitamente, totalizando; estamos sempre trabalhando com totalidades de maior ou menor abrangência.
Marx pretendia escrever um livro, explicando sua concepção da dialética. Chegou a anunciar o projeto, em dezembro de 1875, numa carta a Joseph Dietzgen. Mas os trabalhos de preparação e redação de O Capital não lhe deixaram tempo para isso. O Capital contêm muitos elementos preciosos para nós estudarmos como Marx entendia e aplicava a dialética.
Nos últimos anos de vida de Marx, enquanto ele se esforçava para tentar acabar de escrever O Capital, seu amigo Engels redigiu diversas anotações sobre questões que nos interessam, relativas à dialética. Marx apoiou ele nas observações que este desenvolvia.
A grande preocupação de Engels era defender o caráter materialista da dialética, tal como Marx e ele a concebiam. Era preciso evitar que a dialética da história humana fosse analisada como se não tivesse absolutamente nada a ver com a natureza, como se o homem não tivesse uma dimensão irredutivelmente natural e não tivesse começado sua trajetória na natureza.
Engels concentrou, então, sua atenção no exame dos princípios daquilo que ele chamou de "dialética da natureza" e chegou à conclusão de que as leis gerais da dialética podiam ser reduzidas, a três: lei da passagem da quantidade à qual idade (e vive-versa), lei da interpenetração dos contrários e lei da negação da negação.
Depois da morte de Marx (em 1883) e de Engels (em 1895), o desenvolvimento do pensamento dialético não se interrompeu e prosseguiu seu acidentado caminho. No final do século passado, o socialista alemão Eduard Bernstein (1850 -1932) passou a criticar os escritos de Marx, sustentando que o capitalismo estava mais forte do que nunca, que as previsões do Manifesto Comunista (de 1848) tinham falhado, de modo que era preciso submeter a uma rigorosa revisão os princípios que Marx tinha defendido. E a dialética, segundo o revisionista Bernstein, era "o elemento pérfido na doutrina marxista, o obstáculo que impede qualquer apreciação lógica das coisas". Bernstein preconizou, então, um abandono da dialética, da herança "hegeliana do marxismo, e um retorno a Kant.
A primeira geração de teóricos socialistas que veio depois da geração de Marx e Engels não conseguiu assimilar a dialética. Nas duas primeiras décadas do Século XX, difundiu-se entre os socialistas, a falsa idéia de que, segundo Marx, os "fatores econômicos" provocavam, de maneira mais ou menos automática, a evolução da sociedade. Mas houve revolucionários que reagiram contra a deformação da concepção marxista da história.
Rosa Luxemburgo (1871-1919) e Lênin (1870-1924) se destacaram na revalorização da dialética. Invocando uma frase de Engels no Anti-Dühring, Rosa sustentou que a história mundial se achava em face de um dilema: ou o socialismo vencia ou o imperialismo arrastaria a humanidade (corno na Roma antiga) à decadência, à destruição, à barbárie. É possível que os termos do dilema tenham sido exagerados por Rosa, por influência da situação, do momento em que ela escrevia , pois, ela estava presa, em 1915, e a primeira guerra mundial tinha começado.
Lênin, por seu lado, desde 1902, empenhou-se apaixonadamente, no plano da teoria política, em abrir espaços para a iniciativa do sujeito revolucionário e especialmente para a iniciativa da vanguarda do proletariado. Em seus estudos da obra de Hegel, em 1914, Lênin atribuiu imensa importância à herança hegeliana do marxismo e advertiu que, sem assimilar plenamente os ensinamentos contidos na Lógica de Hegel, nenhum marxista poderia entender inteiramente O Capital de Marx.
Os estudos da obra de Hegel e as reflexões sobre o método dialético foram de grande valia para Lênin em' sua análise do imperialismo e na elaboração. estratégica que o levou a liderar a tomada do poder na Rússia, em 1917, pelos bolchevistas.
Já as deformações que se desenvolveram na época de Stálin não constituem a única fonte de modos de pensar antidialéticos que se difundem entre os marxistas. Num mundo tão dividido como este em que vivemos, a mera adesão aos princípios teóricos do marxismo nunca pode, evidentemente, funcionar como vacina, imunizando as pessoas contra os males decorrentes de concepções estreitas, unilaterais, preconceituosas. O gênero humano está excessivamente fragmentado, é muito difícil compreendê-lo como totalidade concreta e é muito difícil tomá-lo como base para uma abordagem verdadeiramente universal de certos problemas humanos.
Mesmo os indivíduos mais empenhados na luta pela .transformação da sociedade se confundem, com freqüência, quando falta coesão à unidade deles. A falta de coesão diminui, para eles, as possibilidades de fazerem história de modo consciente.
O indivíduo isolado, normalmente, não pode fazer história: suas forças são muito limitadas. Por isso, o problema da organização capaz de levá-lo a multiplicar suas energias e ganhar eficácia é um problema crucial para todo revolucionário. É preciso que a organização não se ,torne opaca para o indivíduo, que ele não se sinta perdido dentro dela; é preciso que ela não o reduza a uma situação de impotência contemplativa ou a um ativismo cego. Se não, o indivíduo fica impossibilitado de atuar revolucionariamente e se sente alienado na atividade coletiva.
Uma das características essenciais da dialética é o espírito crítico e auto-crítico. Assim como examinam constantemente o mundo em que atuam, os dialéticos devem estar sempre dispostos a rever as interpretações em que se baseiam para atuar e sempre duvidar de tudo.
A dialétiea não dá "boa consciência" a ninguém. Sua função não é tornar determinadas pessoas plenamente satisfeitas com elas mesmas. O método dialético nos incita a revermos o passado à luz do que está acontecendo no presente; ele questiona o presente em nome do futuro, o que está sendo e,m nome do que "ainda não é" (Ernst Bloch).
A dialética intranqüiliza os comodistas, assusta os preconceituosos, perturba desagradavelmente os pragmáticos ou utilitários. Para os que assumem, consciente ou inconscientemente, uma posição de compromisso com o modo de produção capitalista, a dialética é "subversiva", porque demonstra que o capitalismo está sendo superado e incita a superá-lo.

Comunicação e Psicologia: algumas interfaces

A comunicação e a psicologia, ciências que mesmo pertencendo a campos diferentes de atuação acadêmicas, posteriormente, no sentido profissional, elas compreendem o homem enquanto um ser biopsicossocial e cultural, e como também existe proximidades entre diversas outras ciências, mesmo sendo portadoras de objetos de estudo diferentes umas das outras, citando que algumas de suas interfaces que merecem ser analisadas com o objetivo valorizar as possíveis possibilidades de compreensão interdisciplinar desses objetos, o que também chamamos de interdisciplinaridade. Na comunicação e na psicologia, através das relações intencionais, conscientes ou inconscientes, que cercam seus campos teóricos e, portanto encontramos suas relações interdisciplinares. Diante dessas informações, percebe-se que a comunicação foca a relação emissor-receptor e a psicologia terapeuta-cliente. E para existir relações entre essas ciências necessita-se da linguagem, a linguagem se articula no processo comunicativo de ambas, como também nos choques nele envolvidos e aplicados através da intencionalidade, seja consciente ou inconsciente.
Situando as origens do estudo da linguagem, também rompendo com a tradição estruturalista de Saussure e de Pierce, em todo o processo de comunicação tinha sua base nas formas gramaticais e no entendimento de códigos lingüísticos, daí começaram a surgir outros autores, que entenderam esse processo como um fenômeno social, exemplo disso é Bakhtin, ele faz uma crítica à função apenas comunicativa da linguagem e julga necessário que a comunicação seja entendida como um processo situado apenas num enunciado vivo, por parte do emissor e numa atitude responsiva e ativa, por parte do receptor, como acreditava o esquema estruturalista anterior diz que é necessário que o tal processo implique em um todo comunicativo, pois o receptor, ao receber a mensagem, concorda ou discorda, complementa, adapta-se, ou seja, seu papel é tão ativo quanto o do emissor.
Quanto à comunicação, talvez a intencionalidade consciente de que se encontra nas mensagens contida nessa relação de linguagem, seja um aspecto mais abrangente na relação emissor- receptor ou jornalista-leitor do que a intencionalidade inconsciente que esteja nessa mesma relação, mas é importante chamar a atenção para o fato de que essas mensagens apresentam, por trás do seu conteúdo, o discurso escrito, neste caso, ou seja, uma manifestação interna, psíquica, tanto por parte do ser humano jornalista (emissor), como por parte do ser humano leitor (receptor).
Levando-se em conta o conceito de Freud sobre o material que constitui o conteúdo do sonho como pertencente à experiência de quem sonha, um bom exemplo disso é: uma pessoa, ao conta um sonho que perde uma pessoa que lhe é muito querida, pode estar se referindo a perda de alguém da família como, uma avó quem ela muito amava, ou seja, essa avó para ela pode estar se referindo, inconscientemente, a uma situação de amadurecimento, em que se ver obrigada a tomar decisões por conta própria. Parece bem mais natural que aspectos inconscientes sejam, comumente, observados e trabalhados na relação terapeuta-paciente, pois requer-se cautela quanto à forma de lidar com tais conteúdos.
Na linha de pensamento de Mahony, ele entende que a comunicação entre duas ou mais pessoas deve ser compreendida levando-se em conta também o seu oposto, ou seja, a contracomunicação ou, como o próprio diz, a comunicação errada, e em seu três níveis: intrapessoal, interpessoal e intercultural. Esses três níveis podem ser estudados do ponto de vista da subjetividade humana.
Percebe-se que enquanto a comunicação faz o uso de aspectos inconscientes, muitas vezes, sem perceber ou até mesmo acreditar que eles interferem positiva ou negativamente em seu dia-a-dia, já a psicologia parte do princípio de que esses fatores são, basicamente, a sustentação de diversos estudos sobre as relações humanas. A abordagem teórica que analisa esses conteúdos inconscientes das relações humanas é a Psicanálise que, dentre os infindáveis trabalhos publicados na área da psicologia e afins, também pode oferecer embasamento teórico-prático à pesquisa de outras áreas. Embora a psicanálise seja mundialmente difundida, em especial, com referência ao embasamento teórico que originou diferentes linhas de trabalho psicoterápico.
Todo o assunto abordado aqui apenas toca em algumas proximidades entre a comunicação e a psicologia, especificamente, no que se trata dos aspectos inconscientes das duplas jornalista-leitor e terapeuta-paciente, e esses aspectos inconscientes são os pilares da psicologia utilizados para conhecer o homem intrapsíquico e relacional.