sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e da Mídia

Comunicação, sociedade, cultura e Ciências da comunicação

É difícil de delimitar o conceito de comunicação e, por conseqüência, defini-lo se torna complexo em seu próprio campo. De certo ponto de vista, todos os comportamentos e atitudes humanas ou não humanas, intencionais ou não intencionais, podem ser compreendidos como comunicação. Até quando uma pessoa reflete consigo mesma sobre a sua vida, isto é uma forma de comunicar.
A origem etimológica da palavra comunicação é a palavra latina communicatione, que por sua vez, deriva da palavra commune, ou seja, comum. Communicatione significa, em latim, participar, pôr em comum ou ação comum. Portanto, comunicar é, etimologicamente, relacionar seres viventes e, torna alguma coisa comum entre esses seres, seja essa coisa uma informação, uma experiência, uma sensação, uma emoção, etc.
A comunicação é indispensável para a sobrevivência dos seres humanos e para a formação e coesão de comunidades, sociedades e culturas.
Comunicamos, em síntese, para satisfazer necessidades, que, de acordo com a pirâmide de necessidades de Maslow (1954), podem ser básicas. Quando alguém tem iniciativa de comunicar, tem alguma intenção, algum objetivo com essa ação. A comunicação liga os seres humanos a uma rede, começando pela família e continuando pelos amigos, pela sociedade e pelo mundo inteiro.
É preciso perceber que nem toda a comunicação, entendida como troca de mensagens, leva informação ao seu receptor. A informação depende diretamente da comunicação, pois, não há informação sem que haja comunicação. Mas sim pode existir comunicação sem haver troca de informação. A informação pode ser redundante, embora, em certos casos, a redundância possa ser útil para a melhor apreensão e compreensão da mensagem.
A informação é sempre codificada e o código precisa ser conhecido e compreendido pelo receptor para que possa ser usado por um emissor com propósitos comunicacionais, mas a utilização de um código, assim, acordo prévio entre emissor e receptor.
Uma característica importante da informação é a de que a sobre-informação obscurece a informação. Basta imaginar alguém a consultar um documento de mil páginas para extrair desse documento unicamente uma pequena informação para percebermos que essa proposição é verdadeira.
Vários fatores podem influencia o processo de comunicação, segundo Bordenave (1984) explica a recepção envolve a percepção, a interpretação é a significação. A percepção, em grande medida, depende da expectativa e di envolvimento.
A comunicação mais poderosa é aquela que vai ao encontro das expectativas do receptor. A mente humana procura ajustar impressões e estímulos a um sistema de expectativas resistente à mudança. É por esta razão que as campanhas eleitorais se destinam mais a reforçar as convicções de quem já está convencido e a fazer decidir os indecisos do que a mudar o sentido de voto de quem já decidiu.
Para Schramm (1949), a recompensa do emissor no processo de comunicação pode ser imediata ou retardada, como também pode ser a do receptor. Essa noção de Schramm é similar à noção de objetivo mental e objeto consumatório da comunicação, apresentada por Festinger (1950). Para explicitar se uma comunicação tem um objetivo instrumental ou consumatório, é necessário saber se é intenção do emissor que a mensagem resulte no momento do seu consumo ou se é sua intenção que a mensagem sirva como um instrumento para a produção de outro comportamento.

Há seis grandes formas de comunicação humana:
1.Intrapessoal - Comunicação de alguém consigo mesmo;
2.Interpessoal - Comunicação entre dois indivíduos;
3.Grupal - Comunicação no seio de grupos “formais” de média ou grande dimensão;
4.Organizacional - Comunicação desenvolvida no seio de organizações;
5.Social - Comunicação desenvolvida para grupos heterogêneos e grandes pessoas, também denominado de difusão, comunicação coletiva ou comunicação de massas (massa communication);
6.Extrapessoal - Comunicação desenvolvida com animais, com máquinas e, crêem algumas pessoas, com espíritos, extraterrestres e outras entidades das quais não existe prova física.

A comunicação ainda pode ser:
1.Mediada (comunicação feita recorrendo a dispositivos técnicos de comunicação, as mídias, como acontece quando se escreve um livro para outros lerem, ou quando se faz e emite um telejornal;
2.Direta ou não mediada (comunicação feita sem a intermediação de dispositivos técnicos, como acontece numa conversa face-a-face).

Geralmente, a comunicação intrapessoal e a comunicação interpessoal são diretas. A comunicação grupal e a comunicação organizacional podem ou não ser mediadas. A comunicação social é sempre mediada.
A comunicação, de todos os tipos, pode estar sujeita a ruídos que parasitam a mensagem. Além disso, por vezes há barreiras que impedem a comunicação ou afetam a fluidez das trocas comunicacionais. Essas barreiras podem ser:
•Físicas, como um obstáculo entre dois interlocutores que os impede de dialogar;
•Culturais, como o desconhecimento do código de comunicação dentro de uma cultura (saber uma língua);
•Pessoais, como a maneira de estar, de ser e de agir de cada sujeito envolvido na relação de comunicação;
•Psico-sociais, como o estatuto e o papel social que os sujeitos envolvidos na relação comunicacional atribuem uns aos outros, que viçam uma dada distância social.